Há muitos termos
equivocados no movimento plus size. Vou começar pelo maior de todos: o termo
MULHERÃO. Acredito que o termo pode ser utilizado no sentido figurativo e
genuíno. No figurativo, mulherão é qualquer mulher exuberante e curvilínea. Já
no sentido mais apropriado, mulherão é o meio termo. Em suma, é o tipo que está
entre as magras e as gordinhas. Mulherão, ao meu ver, é a peça que falta para o
mercado de moda e público entender melhor os três biotipos femininos. Se a
gente considerar apenas dois biotipos, como muitos fazem, então vamos ter uma
noção de beleza polarizadora onde só existem magras e gordinhas. Com o mulherão
inserido no cenário, tudo fica mais diversificado. O que causa estranheza é que
o mulherão também veste “tamanho grande”, o que causa, compreensivelmente, confusão
e revolta entre as gordinhas que não se veem representadas por modelos como
Robyn Lawley e Maria Luiza Mendes. Por isso, é fundamental considerar a
existência dos três biotipos.
Outro termo equivocado
é o MULHERES REAIS. Esse termo é muito difundido no meio plus size para apontar
as mais cheinhas – incluindo aí, marcas visíveis de celulite e estrias. Então
as outras mulheres não são reais? As magras também não têm celulite? As magras
são irreais? Eu fico imaginando como as magras se sentem vendo esse termo sendo
usado exclusivamente pelas gordinhas. Todas as mulheres têm sinais de
“imperfeições” ou gostariam de mudar alguma parte do corpo. Portanto, não
existe mulher mais real do que outra. O termo certo seria “mulheres
exuberantes”. Aí sim teríamos uma classificação correta para as mulheres
voluptuosas e com curvas acentuadas. O corpo precisa ser tratado de forma mais
objetiva.
Já notei também que o
termo AUTOESTIMA ganha um status de transformação quase mágica para as
gordinhas que querem se aceitar como gostariam. OK, autoestima é legal e
precisa ser estimulada mesmo. Mas vale lembrar que ela não opera milagres. Uma
gordinha pode ter a maior autoestima possível, mas isso não vai fazer o seu
corpo mudar do tipo maçã para o pera, ou pera para o ampulheta. O movimento
plus size precisa baixar essas bandeiras utópicas e encarar o corpo como ele é
de fato. Autoestima é o bem-estar com o corpo e não a transformação dele.
Seguindo essa linha de pensamento, encontra-se a máxima de que a beleza vem em
todas as formas e tamanhos. Não é. Esse é outro pensamento utópico sustentado
por pessoas que não entendem a diferença entre corpo com curvas e sem curvas –
ou forma e tamanho, pra ser mais exato. Pior ainda, quem defende essa visão são
os mesmo que seguem a causa da “curvy beauty” – termo em inglês para a beleza
com curvas. Assim, eles se contradizem e ainda confundem o seu público. A minha
proposta: deixar de lado o corpo idealizado e valorizar mais as curvas. Isso
sim é atitude de mulher bem resolvida.
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