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Ricardo Allexxandhry | estudante de publicidade e expert em padrões de beleza e comportamento | contato: ricardoallexxandhry@ig.com.br

A MÍDIA E OS OUTROS PADRÕES DE BELEZA

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O texto da imagem acima, diz: “deixe o seu problema de peso aqui”. Como se o problema todo fosse apenas as revistas que pregam um determinado biotipo. Os radicais vão além: responsabilizam toda a mídia pela infelicidade causada às mulheres que não se enquadram no tipo magra-saudável-feliz. Será que os críticos estão certos quando apontam a mídia como a única vilã de toda essa história? Não. A história é mais abrangente do que eles pensam. Eu, particularmente, sempre achei esse negócio de atacar a mída algo meramente ideológico. Nunca caí nessa.

A verdade é que sempre houve padrões de beleza. O corpo perfeito já era idealizado muito antes do surgimento da grande mídia e sua abordagem comercial do assunto. Os antigos gregos apontavam a Vênus Calipígia como o grande ideal de beleza feminina. Só pra constar: calipígia significa “belas nádegas”. Sim, os gregos adoravam um bumbum atraente bem antes dos brasileiros. O que dizer então das gordinhas sensuais do pintor Peter Paul Rubens? No século XVII, as gordinhas eram retratadas como símbolos da alta sociedade e da aparência saudável. Nesse tempo, não existia a patrulha politicamente correta para acusar Rubens de promover a obesidade e muito menos pessoas pra defender a causa plus size.

Foi apenas no século XX que as mulheres magras surgiram como exemplos de emancipação financeira e ícones de beleza. Portanto, os padrões de beleza precederam a mídia – pelo menos a mída como entendemos hoje. Nesse momento está surgindo um novo ideal de beleza que nasceu dos excessos de musculação nas academias. Agora todas querem ter a barriga negativa pra exibir no Instagram. A chamada “magreza musculosa” é a versão reformulada (e anabolizada!) da Top Model magérrima que a academia adotou e que, agora, influencia os meios de comunicação e a autoestima das mulheres. Cedo ou tarde, esse vai ser o novo padrão de beleza adotado pela mída porque essa tendência já está consolidada. Então sair por aí culpando a mídia pelos transtornos causados na autoimagem é bobagem. Não existe mais comunicação unilateral: a gente influencia a mída e vice-versa. O X da questão somos nós.

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