Tempo de Maxibeleza

Ricardo Allexxandhry | estudante de publicidade e expert em padrões de beleza e comportamento | contato: ricardoallexxandhry@ig.com.br

CORPO EM EVIDÊNCIA

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O ENGAJAMENTO das blogueiras fitness é surpreendente: livros lançados, dietas específicas e exibição constante do corpo no Instagram. Essa última parte é o exemplo máximo de que elas não brincam com os seus ideais. Mas infelizmente o movimento plus size está longe de alcançar esse pragmatismo. Enquanto o padrão fitness mostra as ostentações relacionadas ao corpo de suas seguidoras; o universo plus size, por sua vez, tem um discurso fraco, apoiado no idealismo e numa linguagem distante do corpo real. Vale lembrar que não estou generalizando.

Nesse cenário de contrastes, nota-se uma disputa sem fim entre fisicalidade e idealismo. As saradíssimas se utilizam da FISICALIDADE para exprimir os seus valores que são traduzidos em corpos atléticos, treinos pesados e exibição constante do seu lifestyle. Uma verdadeira lição de engajamento naquelas que acreditam que beleza é apenas um estado de espírito. Não é. Essa confusão de termos só faz perder espaço para as fit girls que não perdem a chance de ostentar o CORPO nas redes sociais. Não estou querendo dizer que se deve seguir o perfil anabolizado das academias – isso jamais! Mas, sim, aprender as táticas de engajamento delas. O corpo como valor tangível.

O mais irônico, portanto, é que o movimento plus size ganhou notoriedade com a pregação da diversidade, mas agora tá vendo as saradas roubarem a cena. Não podemos deixar assim. É preciso difundir a ideia de que o excesso de gostosura é o máximo. Precisamos mostrar mais a maxibeleza nas redes sociais, no Instagram e em qualquer lugar. Temos que mostrar o verdadeiro valor das curvas, da exuberância. A atitude de uma gordinha (ou mulherão) que tira uma foto do corpo porque se aceita assim mesmo, é sinal de que é bem resolvida e um bom exemplo para as demais. Diz-se que a beleza não se mede em números, mas, às vezes, os números são mais sinceros do que qualquer discurso surrado. Em tempo de superexposição da imagem, o corpo tem um papel fundamental na propagação de valores.

A CRISE DO MANEQUIM 44

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Muitas consumidoras que vestem o tamanho 44 estão encontrando dificuldades para encontrar essa numeração nas lojas. Nas varejistas tradicionais, o 44 é encarado como grande; nas grifes plus size, porém, é visto como pequeno demais. Ou seja: o manequim 44 encontra-se no limbo do mercado. Por isso, as mulheres que vestem 44 estão em crise de identidade e ainda sofrem preconceito por parte das gordinhas. Sim, isso existe. As gordinhas acabam reforçando velhos estereótipos de uma mulher com sobrepeso: barriga saliente, cintura indefinida, celulite e estrias demasiadas. No entanto, o que caracteriza uma gordinha no MERCADO não é a silhueta, mas o manequim que ela usa.

E como se não bastasse, as mulheres que vestem 44 ainda recebem uma saraivada de críticas relacionadas ao peso. As magras pensam que se o corpo de quem veste 44 é mediano, então basta fazer dietas e exercícios para emagrecer. Realmente o universo parece conspirar contra elas: de um lado, “magra” demais para as gordinhas; por outro, “gorda” demais para as magrinhas. Afinal, como resolver esse impasse?

Na minha opinião, é preciso estabelecer de vez no mercado o tipo MULHERÃO. O termo mulherão já é usado constantemente pela mídia e público, mas o seu posicionamento ainda é incerto. Mulherão é o meio termo – em outras palavras, é o biotipo que encontra-se entre uma magrinha e uma gordinha. Não se trata, portanto, de criar mais um rótulo no mercado como muita gente pensa. O corpo feminino divide-se em três categorias: magra, mulherão e gordinha. O que causa confusão é que o mulherão também veste “tamanho grande”(42, 44), mas não é gordinha. Ela tem curvas acentuadas, é voluptuosa, por isso é lançada no segmento plus size. Algumas gordinhas também são curvilíneas, mas têm manequins e pesos diferentes. Posso usar aqui um exemplo emblemático: Kim Kardashian. Como sabemos, ela não é magrinha e nem gordinha, ela é... mulherão. E que mulherão! Em suma, a crise do manequim 44, também é a crise do mulherão e precisamos resolver essa situação o mais rápido possível.

O IMPACTO DA NORMALIDADE

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O filme SOB A PELE é ótimo. Na trama, Scarlett Johansson vive uma alienígena disfarçada de humana que tem um propósito sinistro aqui na terra. Ela aborda vários homens nas ruas da Escócia e os leva para um local que serve de “armadilha” pra suas vítimas. Assim, ela consegue capturar inúmeros homens – afinal, é difícil mesmo resistir a uma mulher tão linda quanto ela. As cenas de morte são memoráveis e expressam uma estranha beleza. O filme tem poucos diálogos, mas podemos compreender as transformações que a personagem passa ao longo da trama.

Mas eu quero partir logo para a grande estrela do filme: o corpo da atriz. As cenas de nudez dela foram divulgadas na web causando enorme polêmica. Foi inacreditável saber que muitas detonaram o corpo comum da atriz partindo para os surrados clichês: “gorda”, “seio caído”... e outras alfinetadas sem cabimento. Na época das fotos, eu não me manifestei pois queria ver o filme pra tirar minha própria conclusão óbvia: não há nada de errado com o corpo dela, as mulheres é que se espantam com tamanha normalidade. Hoje, a normalidade se tornou estranha, exótica, incompreensível, de “outro mundo” – como, afinal, é a protagonista do filme.

Acho que as recalcadas de plantão queriam mesmo que ela tivesse o corpo do tipo bombado, saradíssimo. Algo parecido com o das aficionadas por academia ou das entusiastas pela magreza musculosa da top Izabel Goulart. Não. Scarlett (e o diretor do filme) não seguiu a cartilha do padrão fitness tão idolatrado pelas mulheres do Brasil. Pelo visto, a alienígena que escolheu o corpo da Laura/Scarlett tinha bom gosto. Ela preferiu a leveza e a suavidade característicos do corpo feminino como arma de sedução em detrimento da musculatura de levantador de peso. Escolha sensata. Fit girls, durmam com isso!